Três em cada dez brasileiros acham errado meninos brincarem de boneca

Três em cada dez brasileiros acham errado meninos brincarem de boneca

Para psicóloga, diferenciar brincadeiras pode diminuir criatividade das crianças

Como os pais brasileiros definem o que são brinquedos legais para os respectivos filhos? Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, divulgada pelo jornal O Globo, deu um indicativo das preferências em voga. O estudo ouviu 1.770 brasileiro, que foram questionados sobre se existe diferença entre “brincadeira de menino e de menina”.

O resultado foi o seguinte: 72% dos entrevistados afirmaram cada criança pode brincar do que quiser. O mesmo estudo, no entanto, mostra que 32% dos brasileiros acham errado menino brincar de boneca, e menina de carrinho. Entre os homens,esse número é maior: 42%.

Mas algo que agrada a meninos e meninas e que fez sucesso no Dia das Crianças deste ano foi a venda de celulares, encontradas em diversas lojas de varejo, como a Magazine Luiza. Segundo levantamento feito pela Criteo, uma plataforma de publicidade da internet aberta, constatou um aumento de 125% no volume de vendas de telefones celulares no dia 12 de outubro.

Uma das peculiaridades registradas nesse Dia das Crianças pela pesquisa da Criteo, está o desaceleramento do ritmo de vendas no final de setembro e o crescimento de 35% na última semana antes da data. O uso de celulares entre jovens tem crescido mais a cada ano. Segundo a Pesquisa TIC Kids Online no ano passado, o percentual de jovens entre 9 e 17 anos que acessa a rede somente pelo telefone móvel chegou em 44%.

A discussão sobre brincadeiras de meninos e meninas têm crescido nos últimos anos, apoiada na pesquisa sobre questões de gênero que mobiliza educadores,jovens e os próprios pais.

Um estudo publicado no periódico The British Journal of Developmental Psychology mostrou que, ainda que procurem manter alguma imparcialidade, os pais tendem a tratar as meninas com mais doçura, e isso se reflete nos brinquedos escolhidos.Para os meninos, há uma tendência em dar presentes que envolvam ciência e tecnologia, como a construção de aviões e carros. Um estudo feito pela empresa britânica BBC há dois anos reuniu quatro voluntários adultos e duas crianças para avaliar se adultos reforçam estereótipos.

Segundo a reportagem, as crianças Marnie (menina) e Edward (menino) trocaram de roupa: Marnie foi vestida com roupas ‘de menino’ e passou a ser apresentada como ‘Oliver’, e Edward ganhou roupas de menina e recebeu a identidade de ‘Sophie’.

Os voluntários, que não sabiam das trocas de roupas, passaram a tratar os bebês reforçando estereótipos de gênero. Quando brincaram com ‘Oliver’ ( Marnie vestida de menino ), ofereceram a ela somente brinquedos ‘de menino’, como um carrinho ou robôs. Quando estavam com ‘Sophie’ ( Edward vestido de menina ), ofereceram à ele somente brinquedos ‘de menina’, como uma boneca ou um bicho de pelúcia.

Para a psicóloga Valeska Zanello, professora do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília, “como ser humano, temos um potencial infinito e acabamos banindo as possibilidades dele. Um menino que gosta de dançar e éum excelente bailarino não vai desenvolver isso porque balé é considerado coisa de menina. Ou uma menina que poderia ser uma grande corredora de carro será repreendia”, disse em entrevista ao Correio Braziliense.