Educação Financeira : filhos mimados e a mesada
por Aécio Schröder da Silveira
A Educação na vida moderna tem causado grande preocupação para a sociedade e, particularmente, para os pais na relação afetiva com seus filhos. Esses pais tem cada vez menos tempo de convivência, isso tem influenciado sobremaneira o estilo educacional, que até por necessidade imposta, tem sido adotado por parte desses.
O estilo tem sido chamado pelos educadores e psicólogos de indulgentes, àqueles pais que normalmente não estabelecem limites e que quase sempre realizam as vontades das crianças, criando com tal postura a figura dos filhos mimados.
A disciplina deveria ser o carro chefe para que os pais não perdessem a oportunidade de estabelecer limites para que seus filhos se acostumassem a certas frustrações inerentes à vida. O pediatra americano, Dr. Thomas Berry Brazenton, vai mais longe neste quesito ao afirmar que: “a disciplina é o segundo presente mais importante que os pais dão aos filhos, o primeiro é o amor”.
A segurança que a criança encontra na disciplina é fundamental. A gente vive com limites a vida inteira. Temos horário para tudo, encarar filas de todo tipo, tem de parar na sinaleira, etc. Estes limitadores, como afirma a psicóloga Daniela Cifali: “que estes obstáculos do dia-dia não nos afetará se, desde a infância, aprendamos a lidar com frustrações”.
Temos atualmente muitos problemas relacionados às possíveis superproteções que relacionam de alguma forma o comportamento de nossas crianças e posteriormente à adolescência. Pais, que na maioria das vezes só dizem sim, acarretam e criam nos filhos perfis comportamentais, muitas vezes, com dificuldades de respeitar os professores na escola, são egocêntricos, problemáticos e incapazes de respeitar regras e limites, assim, totalmente desprovidas para lidar com as contrariedades que a vida impõe.
Dentro da ideia de trabalharmos o lado comportamental e levar a atitudes práticas que podem evitar a criação de crianças mimadas, despreparadas para a frustração, que entro no tema da Educação Financeira como alicerce nesta jornada.
Proponho que, desde os sete anos, seja estabelecida a mesada de forma sistemática, fazendo com que a criança estabeleça contato com outras realidades, que crie consciência da importância de economizar e também dar valor ao dinheiro, proporcionar e viabilizar espaços de apoio, integração e projetos que envolvam a família no seu bojo. Mas não é só doar o dinheiro à criança, temos que ter um método que crie aspecto motivacional de maior grau, que consistiria no seguinte: peça a seu filho que crie três sonhos e estabeleça quanto custariam individualmente; de curto prazo (até três meses), médio (até seis meses) e longo prazo (mais de seis meses), sendo que 50% da mesada iriam, combinados com a criança, para que juntasse para realizar os três sonhos, e o restante seriam gastos em pequenas atividades ou coisas de seu prazer diário, guloseimas, etc.
Quando o sonho fosse atingido, logo deve ser substituído por outro.
Quanto valor da mesada, sugiro que seja ajustado conforme levantamento a priori de quanto se gasta com cada filho mensalmente. Deve ser estabelecido que o dinheiro da mesada é o definido, e não deverá ser ultrapassado de forma alguma, visando formar a disciplina do hábito de poupar e controlar gastos além do acordado.
A questão da administração do dinheiro da mesada vai trabalhar o aspecto da responsabilidade e dos limites, muitas vezes enfrentando às possíveis frustrações de não se ter tudo que se quer, mas, motivando a criança para alcançar os seus sonhos, dentro planejamento feito por ela.
Este método tem sido muito eficaz, foi fruto de estudo científico do Dr. Reinaldo Domingos, PhD em Educação Financeira, com a Obra intitulada – “Mesada Não é Só Dinheiro”.
Concluo afirmando que é de grande importância para a formação de nossas crianças que elas aprendam, desde cedo, a dar o devido valor ao dinheiro, pois estaremos trabalhando seus hábitos e comportamentos que muito influenciarão em seus procedimentos quando adultos, levando a estabelecer objetivos e o mais importante, construir seres humanos voltados a dar ao dinheiro um sentido grandioso para sua vida: buscar sempre a realização de sonhos.
Aécio Schröder da Silveira
Bacharel em Administração de Empresas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC/RS, Pós Graduado em Marketing, UFRGS e em Gestão Pública pela Escola do Ministério Público do RGS. O servidor do Ministério Público do Rio Grande do Sul e Educador Financeiro faleceu em 9 de setembro de 2020.
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