Festival de Cinema de Gramado 2020 : giro de notícias sábado e domingo e programação para segunda-feira

Festival de Cinema de Gramado 2020

Festival de Cinema de Gramado 2020 : giro de notícias sábado e domingo e programação para segunda-feira

A exibição da mostra competitiva iniciou com o curta “4 Bilhões de Infinitos”, do cineasta mineiro Marco Antônio Pereira. O curta é o quarto de um conjunto de cinco produções que se passam em Cordisburgo, terra natal de Marco, cidade que fica no início do norte de Minas Gerais. Depois foi a vez de “Receita de Caranguejo”, de Issis Valenzuela, que retrata a relação de mãe e filha que decidem passar alguns dias na praia após a morte do pai e resolvem cozinhar caranguejos.

O primeiro longa exibido foi “Por que você não chora?”, da cineasta Cibele Amaral. A história aborda temas rodeados de tabu como saúde mental e ideação suicida. E o longa argentino “El silencio del cazador”, de Martín Desalvo, encerrou a noite com a história de um guarda florestal, um caçador e uma médica rural cujas rivalidades do passado voltam à tona, mas questões ambientais e sociais também permeiam o roteiro.

A diretora Issis Valenzuela e a atriz Preta Ferreira conversaram sobre “Receita de Caranguejo”. “Para mim, é muito importante fazer parte deste Festival”, comenta Preta. Issis e Preta, mulheres negras e potentes, enfatizam a importância de fazer parte do mercado. Segundo dados da Ancine (Agência Nacional de Cinema) em 2016 75,4% dos diretores dos longas foram homens brancos e 19,7%, mulheres brancas. Os homens negros, por outro lado, dirigiram 2,1%, e as mulheres negras não assinaram a direção de nenhum dos 142 filmes. “É importante a gente ter pessoas negras em todos os lugares. Esses curtas e longas estão chegando, que esse movimento não tenha mais volta”, comenta Issis. Preta Ferreira, que é integrante do MSTC (Movimento Sem Teto do Centro) ficou 108 dias presa. “Me consideraram um perigo para sociedade (dos senhores feudais). A gente sabe como funciona”, comenta.

O debate de “Por que você não chora?” contou com a presença da diretora Cibele Amaral, das atrizes Elisa Lucinda e Carolina Monte Rosa, e do produtor Patrick de Jongh. Cibele, que também é psicóloga, contou sobre o processo de pesquisa para a construção da história e do estigma que gira em torno das questões relacionadas à saúde mental. Parte das cenas foram gravadas em uma clínica em atividade.

Já o diretor Martín Desalvo, e os atores Alberto Ammann, Pablo Echarri e Mora Recalde responderam às perguntas de “El Silencio del cazador”, que tem como pano de fundo questões relacionadas ao meio ambiente e aos povos originários. “Infelizmente, o público costuma não aceitar bem filmes que abordam esses temas de forma mais direta, mas procuramos provocar a reflexão, mesmo com uma abordagem subliminar, comenta Desalvo”.

A mostra competitiva do Festival de Cinema de Gramado chegou a segunda noite transmitida pelo Canal Brasil. Sábado foi a vez dos curtas-metragens “Inabitável”, de Pernambuco, dirigido por Matheus Farias e Enock Carvalho, e a animação “Subsolo”, de Erica Maradona e Otto Guerra. “Todos os mortos”, de Caetano Gotardo e Marco Dutra foi o segundo longa brasileiro exibido, seguido pelo longa estrangeiro colombiano “La Frontera”, de David David.

O curta “Inabitável” faz uma crítica à transfobia e à intolerância com elementos de ficção científica e conta a história de uma mulher trans desaparecida. Marilene, vivida por Luciana Souza, é a mãe que a procura. “O cinema de gênero nos traz elementos, no dá a oportunidade de representar essas questões de forma diferente. Queria contar as histórias das personagens de maneira que escapasse à realidade, que em si é muito dura”, comenta Enock. A experiente Luciana Souza, que já atuou em obras como “Ó pai, ó”, “Bacurau” e “Flores Raras”, conta que se sensibilizou com a temática. “Uma mulher negra, que tem filhos trans, periférica perpassa pela história de vida de muitas pessoas, muitas mulheres que estão na solidão de seus dramas”, lembra Luciana.

Já “Subsolo”, que conta a história de três amigos que frequentam diariamente a mesma academia e buscam corpos perfeitos, mas acabam se frustrando com os deslizes que acontecem longe das esteiras, surgiu a partir da experiência da diretora Erica Maradona, que em determinado momento foi em busca de uma academia e se deparou com um mundo bastante diferente do seu cotidiano.

“La Frontera”, de David de David, retrata o drama de famílias afetadas pelas crises de fronteira entre Colômbia e Venezuela. O diretor conta que o filme surgiu a partir da necessidade que sentia de entender muita coisa que estava acontecendo ao seu redor. “Tive a oportunidade de sair da Colômbia para Estudar na Espanha e quando retornei tive dificuldades para me adaptar. Venezuela e Colômbia tinham uma crise fronteiriça a cada dois dias, e fui conhecendo a história de muitas famílias. Isso foi por volta de 2016. Na mesma época, Trump avultava a ideia de construir um muro para separar os EUA do México e a Cataluña queria se separar da Espanha. Precisava tratar disso”, avalia.

O longa-brasileiro “Todos os Mortos” contou com a presença do diretor Caetano Gotardo, das atrizes Mawusi Tulani, Thaia Perez e do compositor da trilha original e consultor de roteiro Salloma Salomão. No filme, que se passa na São Paulo de 1899, são contadas as histórias da família escravocrata Soares e da família Nascimento, que foi escravizada pelos Soares. O filme em diferentes momentos e com recursos de trilha sonora trazem as questões de raça e gênero para o Brasil Contemporâneo e traz elementos históricos a partir do ponto de vista das pessoas negras escravizadas e oprimidas. “Enquanto artista preta eu nunca tinha sido convidada ou visto um filme de época em que uma personagem negra tivesse algo a dizer. O Iná é uma mulher que quer mudar de vida, que quer reconstruir seu barracão para praticar a sua fé. É gratificante fazer parte desse ponto de virada do cinema, dessa nova experiência dentro do cinema”, comenta Mawusi, que interpretá Iná. “A história (do Brasil) foi contada de uma maneira muito parcial. A história, em geral, é contada pelos vencedores (ditos), pelos poderosos, e ela é manipulada. A gente queria questionar essa história de filme de época que retrata com precisão porque essa “precisão” também é uma interpretação”, comenta. O filme concorreu ao Urso de Ouro da Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim.

Mostra Gaúcha de Curtas-Metragens disponível até quarta-feira
Por conta da instabilidade registrada no streaming do Canal Brasil durante o sábado, os curtas-metragens gaúchos ganharam um dia a mais para serem conferidos. As produções permanecem disponíveis até as 23h59 do dia 23 de setembro.

Festival de Cinema de Gramado Programação 20 de setembro – domingo

MOSTRA GAÚCHA DE CURTAS-METRAGENS
:: Permanecem disponíveis por streaming até terça, 22 de setembro.

Programa 1
:: Dois Homens ao Mar (Porto Alegre), de Gabriel Motta / 16’47”
:: O que Pode um Corpo? (Porto Alegre), de Victor Di Marco e Márcio Picoli / 14’44”
:: O luto impossível (Porto Alegre), de Bruno Carboni / 04’10”
:: Pra Ficar Perto (Sapucaia do Sul), de Lucas dos Reis / 06’24”
:: O Céu da Pandemia (Porto Alegre), de Marina Kerber / 05’15”
:: Quando te Avisto (Santa Maria), de Denise Copetti e Neli Mombelli / 24’46”

Programa 2
:: Teste de Elenco (Porto Alegre), de Marcos Kligman e Mariany Espindola / 19’59”
:: Letícia Monte Bonito 04 (Pelotas), de Julia Regis / 20′
:: Construção (Pelotas), de Leonardo da Rosa / 16′
:: Ver a vista (Sapucaia do Sul), de Daniel de Bem / 03′
:: Deserto Estrangeiro (Porto Alegre), de Davi Pretto / 23′

Programa 3
:: Fragmentos ao Vento 1945 (Porto Alegre), de Ulisses Da Motta / 18’03”
:: Sopa Noir (São Leopoldo), de Beatrice Petry Fontana / 10’37”
:: Corpo Mudo (Santa Cruz do Sul), de Marcela Schild / 13’02”
:: Magnética (Porto Alegre), de Marco Arruda / 16’20”

Programa 4
:: Bochincho – O Filme (Porto Alegre), de Guilherme Suman / 17’37”
:: Um Pedal (Canoas), de Alexandre Derlam / 23’08”
:: Desencanto (Porto Alegre), de Richard Tavares / 12′
:: Lacrimosa (Porto Alegre), de Matheus Heinz / 11’04”

Divididos em 4 programas, de acordo com as classificações indicativas dos filmes. Os 19 curtas serão disponibilizados no Canal Brasil Play.

MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS GAÚCHOS
:: LMG Contos do Amanhã (Porto Alegre), de Pedro de Lima Marques / 85′
:: LMG Deborah! O ato de casa (Santa Maria), de Luiz Alberto Cassol / 94’53”
:: LMG Portuñol (Porto Alegre), de Thais Fernandes / 70′
:: LMG Ten-love (Porto Alegre), de Bruno de Oliveira / 84′
:: LMG Trapaça (Porto Alegre), de Luke Schatzmann / 137’46”
Os cinco filmes participantes da mostra serão disponibilizados no Canal Brasil Play, o serviço de streaming.

20H – MOSTRA COMPETITIVA
:: CMB Atordoado, eu permaneço atento (RJ), de Henrique Amud e Lucas H. Rossi dos Santos / 15′
:: CMB Blackout (RJ), de Rossandra Leone / 18’51”
:: LMB Um animal amarelo (RJ), de Felipe Bragança / 115′
:: LME Dias de invierno (México), de Jaiziel Hernández / 90′

Festival de Cinema de Gramado Programação 21 de setembro – segunda

MOSTRA GAÚCHA DE CURTAS-METRAGENS

Programa 1
:: Dois Homens ao Mar (Porto Alegre), de Gabriel Motta / 16’47”
:: O que Pode um Corpo? (Porto Alegre), de Victor Di Marco e Márcio Picoli / 14’44”
:: O luto impossível (Porto Alegre), de Bruno Carboni / 04’10”
:: Pra Ficar Perto (Sapucaia do Sul), de Lucas dos Reis / 06’24”
:: O Céu da Pandemia (Porto Alegre), de Marina Kerber / 05’15”
:: Quando te Avisto (Santa Maria), de Denise Copetti e Neli Mombelli / 24’46”

Programa 2
:: Teste de Elenco (Porto Alegre), de Marcos Kligman e Mariany Espindola / 19’59”
:: Letícia Monte Bonito 04 (Pelotas), de Julia Regis / 20′
:: Construção (Pelotas), de Leonardo da Rosa / 16′
:: Ver a vista (Sapucaia do Sul), de Daniel de Bem / 03′
:: Deserto Estrangeiro (Porto Alegre), de Davi Pretto / 23′

Programa 3
:: Fragmentos ao Vento 1945 (Porto Alegre), de Ulisses Da Motta / 18’03”
:: Sopa Noir (São Leopoldo), de Beatrice Petry Fontana / 10’37”
:: Corpo Mudo (Santa Cruz do Sul), de Marcela Schild / 13’02”
:: Magnética (Porto Alegre), de Marco Arruda / 16’20”

Programa 4
:: Bochincho – O Filme (Porto Alegre), de Guilherme Suman / 17’37”
:: Um Pedal (Canoas), de Alexandre Derlam / 23’08”
:: Desencanto (Porto Alegre), de Richard Tavares / 12′
:: Lacrimosa (Porto Alegre), de Matheus Heinz / 11’04”

Divididos em 4 programas, de acordo com as classificações indicativas dos filmes. Os 19 curtas serão disponibilizados no Canal Brasil Play.

MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS GAÚCHOS
:: LMG Contos do Amanhã (Porto Alegre), de Pedro de Lima Marques / 85′
:: LMG Deborah! O ato de casa (Santa Maria), de Luiz Alberto Cassol / 94’53”
:: LMG Portuñol (Porto Alegre), de Thais Fernandes / 70′
:: LMG Ten-love (Porto Alegre), de Bruno de Oliveira / 84′
:: LMG Trapaça (Porto Alegre), de Luke Schatzmann / 137’46”
Os cinco filmes participantes da mostra serão disponibilizados no Canal Brasil Play, o serviço de streaming.

20h – MOSTRA COMPETITIVA
:: CMB Wander VI (DF), de Augusto Borges e Nathalya Brum / 19’56”
:: CMB Extratos (SP), de Sinai Sganzerla / 08′
:: LMB O Samba é primo do Jazz (RJ), de Angela Zoé / 70’06″
:: LME El gran viaje al país pequeño (Uruguai), de Mariana Viñoles / 105’47”

LMB e LME | Longas-Metragens Brasileiros e Estrangeiros
Única exibição em televisão pelo Canal Brasil, a partir das 20h.

CMB | Curtas-Metragens Brasileiros
Única exibição em televisão pelo Canal Brasil, de acordo com a programação; Disponível 24h no Canal Brasil Play, o serviço de streaming.