Vendas na Páscoa 2019 nos supermercados gaúchos frustram sem crescimento

supermercados

Vendas na Páscoa 2019

Vendas dos supermercados gaúchos ficaram estagnadas nesta Páscoa
Contrariando as expectativas positivas que antecediam a data, os supermercados gaúchos não registraram crescimento nas vendas de Páscoa, em 2019, na comparação com o ano passado. O balanço divulgado na manhã de domingo (21.04.19) pelo presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo, aponta para uma estagnação na comercialização de itens típicos para o feriado, como ovos de chocolate, bombons e outros alimentos para as comemorações em família. Embora não tenham atingido as estimativas para a Páscoa, os supermercados do Estado gaúcho já preparam seus estoques de caixas de bombons, flores, bebidas e carnes para churrasco, tradicionais itens procurados massivamente pelos consumidores no Dia das Mães.
Apesar do crescimento zero, o resultado das vendas de Páscoa no setor não chega a surpreender o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo. Segundo ele, o varejo apostou alto no volume de compras, confiando na ocorrência da data festiva em abril (período de maior frio, propenso ao consumo de chocolates) para antecipar a exposição de itens típicos e despertar mais cedo o espírito de Páscoa nos gaúchos. “O que percebemos, entretanto, foi uma concentração muito grande das compras na última semana, já que cerca de 80% dos gaúchos adquiriram os produtos de Páscoa nos últimos dias”, observa. De acordo com o dirigente da Associação, a quinta-feira (18) que antecedeu a Sexta-feira Santa foi o melhor dia de vendas do mês de abril para os supermercados. “Os supermercados adquiriram 5% mais ovos de chocolates do que em 2018, e a sobra deste produto foi de exatamente 5%. Alguns supermercados ainda vão comercializar estes itens nos próximos dias, dependendo de negociações com os fornecedores”, explica Longo.

Antonio Cesa Longo -Presidente da Agas -Associação Gaúcha de Supermercados -Foto Juliane Kessler
Antonio Cesa Longo -Presidente da Agas -Associação Gaúcha de Supermercados – Foto Juliane Kessler

Mesmo que em linhas gerais as vendas de Páscoa não tenham crescido, alguns produtos registraram boa procura e atingiram as expectativas de incremento em vendas: as caixas de bombom (+4%), a carne para churrasco (+4%) e as bebidas (+3,5%), além dos pescados comercializados para a Sexta-feira Santa (+5%), foram alguns dos destaques. “Entre os ovos de chocolate, as opções menores e mais baratas, com até 150 gramas, foram as líderes em vendas”, explica Longo. Para o supermercadista, ficou evidenciada a intenção dos consumidores de presentearem mais pessoas do seu convívio, mas com presentes mais baratos. “A simbologia do presente foi mais importante que seu tamanho ou preço”, conclui.
Economia, Consumidor e Maquiagem de Produtos
As discussões das Reformas da Previdência e Tributária tomam conta do cenário político e das notícias nos meios de comunicação. Enquanto isso, a economia persiste desfavorável para os negócios. Consumidor com perda de poder compra com atualização salarial abaixo da inflação, aumento de impostos, inexistência de um ajuste na tabela do imposto de renda, aumento muito acima da inflação nos custos de energia, gás, água e transporte público, alta taxa de desemprego, empregos informais e jornada intermitente, endividamento de mais de 55 milhões de brasileiros e juros bancários e no cartão de crédito exorbitantes e política econômica voltada ao investimento financeiro em detrimento da produção são fatores que estagnam as vendas na Indústria e Comércio. Para afundar ainda mais, no Rio Grande do Sul, há atrasos nos salários dos funcionários do executivo estadual e arrocho nos salários dos funcionário públicos municipais, ambos promovidos por governo liderados pelo PSDB. Parece que grande parte dos empresários não compreendem que apoiar este modelo econômico e político é prejudicial à eles e para seus clientes. “Estão matando a galinha dos ovos de ouro”, daqui alguns anos poucas empresas e negócios sobreviverão no mercado, concentrando ainda mais renda e prosperando pobreza e miséria.
Outro fator que precisa ser levado em conta é o comportamento do consumidor. A crise desenvolveu nele uma consciência ainda maior. Está mais esperto. As fabricas diminuíram tamanho das embalagens e na quantidade e peso de produtos, mas mantiveram os preços. A ‘maquiagem’ teve respaldo nas pesquisas que não retrataram as mudanças nos estudos. Não levaram em conta que a diminuição do peso ou quantidade, também deveria representar uma diferença no calculo da inflação. A ‘maquiagem’ foi boa para o governo e prejudicial para as empresas. A resposta do consumidor foi dada na Páscoa 2019. Os fabricantes de ovos de chocolate aumentaram preços e mantiveram a diminuição do tamanho do produto apresentado anos atrás. O mesmo movimento de ‘maquiagem’ está nos produtos de limpeza, amaciantes, cafés, entre outros. Todos produzidos por grandes empresas e que possuem inúmeros benefícios fiscais oferecidos por município, estados e até federal.
Pesquisa errou
Pesquisa do Instituto Segmento com 200 pessoas entrevistadas residentes em Porto Alegre, de ambos os sexos, com idades entre 18 a 70 anos, e de todas as faixas de renda, apontou :
– 62% dos consumidores vão comprar os produtos de Páscoa preferencialmente em supermercados (o setor mais uma vez lidera o ranking de preferência dos consumidores). Além disso, 94% dos gaúchos não descartam a possibilidade de efetuar em supermercados as compras de Páscoa.
– Os benefícios apontados pelos gaúchos de comprar produtos para a Páscoa em supermercados passam sobretudo pelos seguintes motivos: comodidade de comprar os chocolates junto com outros produtos (40,4%), preço mais baixo (39,4%), variedade de produtos (37,8%) e proximidade de casa/trabalho (25,5%).
– Os gaúchos vão gastar, em média, R$ 206,00 nas compras de produtos para a Páscoa em supermercados.
– Em relação à intenção de compra comparado com o ano passado, 32% pretendem comprar mais que 2018, metade irá comprar a mesma quantidade (49%) e apenas 19% afirmaram que irão comprar menos que o ano anterior.
– Filhos serão os mais presenteados: 61,5% dos entrevistados afirmaram que irão presentear os filhos, seguido de marido/esposa 38,0%, pais/avós 28% e netos/bisnetos 24,5% no ranking de quem mais será presenteado na data.
– O poder de decisão das crianças é significativo na compra de produtos de Páscoa: 45,0% dos entrevistados apontaram que elas influenciam muito/médio na decisão.
– Compras de última hora: a maioria dos entrevistados pretende realizar as compras de Páscoa na semana que antecede a data (83,5%), sendo que, deste percentual, 34% pretendem comprar no dia da Páscoa ou na véspera.
– Maioria irá comprar à vista: praticamente sete em cada 10 entrevistados afirmaram que vão comprar à vista (69%) e, destes, 70,3% irão pagar em dinheiro e 29,7% em cartão de débito. Dos 31% que irão comprar a prazo, o cartão de crédito se destaca para 79%, seguido do cartão do supermercado com 19,4%. Segundo Longo, a avaliação é de que os consumidores estão evitando o endividamento.
– Procura por produtos artesanais e light: segundo os dados do Instituto Segmento, 19,5% dos gaúchos vão comprar algum chocolate diet ou light. Outros 20% dos consumidores afirmam que comprarão algum produto de Páscoa artesanal, com destaque para ovos (77,5%) e trufas (40%) entre os compradores dos produtos não industrializados.
Supermercadistas : expectativa frustrada
– Foram ouvidos 20 diretores de empresas do setor em todo o Estado. Segundo o levantamento, a expectativa de crescimento nominal de vendas pelos empresários do setor é de 5,2% em relação à Páscoa do ano passado, e os preços estarão em média 2,7% superiores ao ano passado.
– As 4,6 mil lojas do setor supermercadista gaúcho
– Expectativa era comercializa 8,5 milhões de ovos de chocolate e faturamento de R$ 84,5 milhões para o setor
– Preços: os preços deste ano estão um pouco maiores do que os praticados no ano passado: o acréscimo médio é de 2,7%, não deflacionado.
– O impacto da Páscoa: o peso das vendas de produtos de Páscoa no faturamento total dos supermercados é de 7,1% em março e de 10,3% em abril.
– Origem dos produtos: atualmente, o mix de produtos gaúchos representa, em média, 34,5% do total de produtos de Páscoa comercializados no Estado, enquanto os produtos de fora do Rio Grande do Sul representam 65,5%.
– Faturamento: ao todo, 12% dos ovos de chocolate produzidos no país serão comercializados no Rio Grande do Sul, representando um total de 8,5 milhões de ovos, que vão alavancar um faturamento de R$ 84,5 milhões para o setor.
– Presente tardio: o bombom é o presente de última hora, quando serão comercializadas cinco milhões de caixas, agregando ao faturamento mais R$ 24,2 milhões.
– Variedade: 75% dos supermercados entrevistados vendem produtos de Páscoa light e diet.
– Os carros-chefes: segundo os supermercadistas, os produtos de Páscoa de maior venda são: caixa de bombom, ovos de até 150g e barra de chocolate.
– Vagas de emprego: 25% dos supermercadistas ouvidos pretendem contratar funcionários temporários. A Agas estima que os supermercados gaúchos e principalmente a indústria irão criar cerca de 1,3 mil empregos temporários no Estado, efetivando pelo menos 20% ao final da festividade.
A esperança : Dia das Mães – Outra data importante para as vendas dos supermercados, o Dia das Mães, ocorrido sempre no segundo domingo do mês de maio, deverá alavancar novas oportunidades para o segmento varejista gaúcho. Além das carnes para churrasco, sobremesas e outros alimentos para o almoço em família, o setor deverá liderar a comercialização de pequenos presentes, como caixas de bombons, flores e vinhos, para a data. “Estimamos um crescimento de cerca de 2% para o Dia das Mães”, projeta Longo.