Exportações de calçados: Argentina ultrapassa Estados Unidos como principal destino

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Exportações de calçados

As oscilações cambiais têm mudado bruscamente o panorama das exportações brasileiras de calçados nos últimos anos. Com uma queda acentuada nos embarques para os Estados Unidos, registrada desde 2017, a Argentina assumiu, pela primeira vez na história, o primeiro posto entre os destinos do calçado verde-amarelo no exterior. No primeiro trimestre de 2018, os argentinos importaram 2,4 milhões de pares por US$ 39,14 milhões, altas de 14,4% e de 9,8%, respectivamente, na relação com igual período do ano passado. No âmbito geral, entre janeiro e março, os calçadistas brasileiros embarcaram 30,47 milhões de pares que geraram US$ 250,12 milhões, quedas de 2,7% em volume e de 3,4% em receita gerada em relação ao mesmo período de 2017.
O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, avalia que a valorização do real sobre o dólar, que tende a se intensificar durante o ano em função da recuperação econômica e os consequentes aportes de investimentos externos, tem tido influência significativa nos embarques de calçados. “Seria uma irresponsabilidade, até um crime lesa pátria torcer para um movimento contrário ao desenvolvimento nacional. O fato é que o câmbio, num contexto de competitividade enfraquecida por questões estruturais e alta carga tributária, é um atenuante, pois nos dá oportunidade de praticar um preço mais competitivo no exterior. Com a tendência de o dólar cair a R$ 3, ou até mais durante o ano, teremos problemas significativos nas exportações”, projeta o executivo.
Segundo Klein, a oscilação do câmbio tem, inclusive, provocado fatos históricos nas exportações de calçados. “Como os Estados Unidos, nosso principal destino desde os primeiros embarques, no final da década de 60, é um mercado muito sensível ao preço e portanto vêm diminuindo suas compras brasileiras desde 2017, acabou sendo ultrapassado pela Argentina no primeiro trimestre”, avalia, ressaltando que, no ano passado, as exportações para os EUA já haviam caído 14% (tanto em pares como em valores). No primeiro trimestre, os norte-americanos compraram 2,8 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 37,13 milhões, quedas de 11,5% em volume e de 22,6% em receita na relação com igual ínterim de 2017.
O terceiro destino do trimestre foi a França, para onde foram embarcados 2,76 milhões de pares por US$ 18,26 milhões, altas de 52,4% e de 19,3%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado. “A França importa, basicamente, chinelos e injetados brasileiros, produtos de menor valor agregado e portanto com menor impacto na balança comercial”, informa Klein.
Origens
Nos três primeiros meses do ano, a principal origem do calçado exportado foi o Rio Grande do Sul, de onde partiram 6,88 milhões de pares que geraram US$ 113,54 milhões, números 0,2% maiores em volume e 0,1% menores em receita na relação com igual período de 2017. A segunda origem foi o Ceará, que exportou 12,69 milhões de pares por US$ 66,97 milhões, altas de 4,4% em volume e queda de 0,1% em valores em relação ao ano passado. O terceiro principal exportador do período foi São Paulo, onde foram embarcados 1,43 milhão de pares que geraram US$ 23,9 milhões, quedas de 28,8% e de 20,4%, respectivamente, na relação com igual período de 2017.
Importações em alta
As importações de calçados seguem em alta no trimestre. No período, entraram no Brasil 8,74 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 100,9 milhões, altas de 10,6% em volume e de 1% em receita na relação com o mesmo ínterim de 2017. As principais origens foram o Vietnã, com 3,36 milhões de pares e US$ 56 milhões (alta de 12,6% em volume e queda de 0,8% em receita), Indonésia, com 1 milhão de pares e US$ 17,77 milhões (quedas de 5% e de 8,4%, respectivamente) e China, com 3,47 milhões e US$ 12,54 milhões (altas de 10% e 12%, respectivamente).
Em calçados desmontados (partes como cabedal, solas, saltos e palmilhas) as importações também registraram elevação. No primeiro trimestre, entraram no Brasil o equivalente a US$ 4,2 milhões, 32,4% mais do que no mesmo período de 2017. As principais origens foram China, Vietnã e Paraguai.
 

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