Endividamento, educação financeira e os sonhos
por Aécio Schröder da Silveira
O relatório de janeiro deste ano do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC- Brasil) e do CNDL ( Confederação Nacional de Dirigentes lojistas), mostrou número bastante significativo no país: 60,7 milhões de inadimplentes pessoa física. A região Sul representa 13.1% ( 8,25 milhões).
Claro que muitos aspectos poderiam explicar de alguma maneira o porque dos consumidores com seus CPF negativados. A profunda crise por qual passou o país, principalmente entre 2013 e 2016, geraram consequências nefastas, como o aumento do desemprego, queda na renda do trabalhador e a alta taxa de juros, tornando o crédito mais caro.
Mas, também, não devemos deixar de reconhecer que os brasileiros, em grande maioria, não possuem boas práticas de educação financeira, que poderia ensejar um melhor controle no trato do dinheiro e do consumo. Não é de outro modo que o Governo Federal tem preocupação com o assunto, pois, com o Decreto nº 7397/2010, institui a Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF, que tem entre seus objetivos “ aumentar a capacidade do cidadão para realizar escolhas conscientes sobre a administração dos seus recursos”.
Os números do SPC – Brasil demonstram que até na faixa mais jovem -18 a 24 anos – o número é expressivo, representando 20,14% do total de inadimplentes em nosso país. Sendo o assunto de suma importância, nada melhor que iniciemos, desde cedo, as crianças e jovens no absorção de conhecimento, dentro de sua faixa etária, sobre educação financeira.
E foi com este intuito que o MEC introduziu na Base Nacional de Comum Curricular (BNCC), a obrigatoriedade dos escolas, já a partir de 2018, da abordagem, mesmo que de um a forma transversal – aproveitando disciplinas como a Matemática e Ciências da natureza – do conteúdo sobre Educação Financeira no ensino fundamental. Ainda teremos alguma audiências públicas e posterior aprovação pelo Conselho Nacional de Educação para sua implementação nos currículos escolares, que poderão adaptá-lo conforme sua grade.
Devemos ter em mente que jovens conscientes e educados sobre os dispêndios de seus recursos, tem ótimas probabilidades de no futuro construirmos gerações de consumidores mais conscientes, maduros, poupadores e menos inadimplentes.
O dinheiro é coisa séria na vida das pessoas, sendo, muitas vezes, motivos de tristeza se mal administrado, mas também, meio para realização de diversos sonhos que almejamos, a educação financeira pode proporcionar isto, então, vamos atrás dos nossos sonhos.
Aécio Schröder da Silveira
Bacharel em Administração de Empresas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC/RS, Pós Graduado em Marketing, UFRGS e em Gestão Pública pela Escola do Ministério Público do RGS. O servidor do Ministério Público do Rio Grande do Sul e Educador Financeiro faleceu em 9 de setembro de 2020
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