Crise no Brasil 2018 : Ipea reduz previsão do PIB de 3% para 1,7%

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Crise no Brasil

Ipea prevê crescimento econômico de 1,7% para o Brasil em 2018
 
A combinação da piora do cenário externo com incertezas sobre o cenário interno levaram o Grupo de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a revisar algumas das projeções macroeconômicas para 2018 e 2019. A previsão para o crescimento do produto interno bruto (PIB) – o conjunto das riquezas do país – foi reduzida de 3% para 1,7%, conforme a seção Visão Geral da Carta de Conjuntura nº 39 do Ipea, divulgada na quinta-feira (28.06.18), em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro.
Em relação ao cenário externo, o estudo aponta que dois fatores com origem nos Estados Unidos pare­cem ter influenciado fortemente a economia brasileira: a perspectiva de uma elevação mais rápida dos juros e o recrudescimento das medidas protecionistas contra importações nos EUA. Essa mudança no cenário internacional aumentou a pressão sobre a taxa de câmbio – o real já se desvalori­zou 20% ante o dólar desde o final de janeiro deste ano. Essa desvalorização é o dobro da variação média de 10% da taxa de câmbio de países emergentes, indicando que fa­tores específicos à economia brasileira estariam amplificando os efeitos do choque externo.
A seção da Carta de Conjuntura mostra que, embora a percepção de risco de diferentes países emergentes tenha aumentado, o risco específico associado ao Brasil aumentou significativamente mais que o referente a outros emergentes nos últimos meses. A indefinição sobre como será enfrentado o problema fiscal no país, somada aos efeitos da greve dos caminhoneiros, representou um choque de oferta negativo sobre a economia, com significativa perda de produto e aumento de preços, com impactos diretos e indiretos sobre as contas públicas.
O documento explica que o desempenho deste ano deve ser impulsionado pelo consumo das famílias (2,3% de crescimento) e pelos investimentos (alta de 3,6%). Haverá aumento também do PIB da indústria (1,4%) e de serviços (1,8%). Já o consumo do governo deverá diminuir 0,5%, e a expectativa para o PIB agropecuário é de queda de 1%. Para 2019, a projeção é de um crescimento de 3% do PIB.
“No ano passado tivemos uma deflação no setor de alimentos. Neste ano, prevemos um aumento de 3,9% e, embora possa parecer, a greve dos caminhoneiros não é a principal causa desse aumento. O que deve acontecer no restante do ano é uma reversão da tendência de queda dos preços dos alimentos ao consumidor final, o que já era esperado antes da greve”, afirma José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.
A Visão Geral projeta uma inflação (IPCA) de 4,20% em 2018 e 4,30% em 2019. O impacto da greve dos caminho­neiros, bem como o aumento do dólar e quebras de safra, tanto no Brasil quanto na Argentina, afetou negativamente a inflação de vários subgrupos para o mês de maio, com destaque para “Tubérculos, Raízes e Legumes”, “Hortaliças e Frutas”, “Leite e Derivados”, “Farinhas, Féculas e Massas”.
Segundo o trabalho, “a retomada de uma trajetória de crescimento sustentado no país depende de for­ma crucial do equacionamento do desequilíbrio estrutural das contas públicas, o que só poderá ser alcançado mediante a aprovação de reformas importantes no Congresso Nacional – dentre as quais a reforma previdenciária. Enquanto esta questão não for sanada, a economia brasileira continuará vulnerável a vários tipos de choques externos e domésticos, devendo apresentar crescimento baixo e volátil”.
O anúncio do estudo reforça a distância do governo do peemedebista Michel Temer, presidente do Brasil, que tenta divulgar uma agenda positiva politico econômica com a realidade. O país vive um momento crítico. Altas taxas de juros ao consumidor, apesar da taxa selic cair; 13 milhões de desempregados; mais de 5 milhões de cnpjs inadimplentes; mais de 61 milhões de cpfs negativados; falta de segurança, saúde e educação; reforma trabalhista fracassada; perseguição aos direitos previdenciários ( exceto do legislativo e judiciário com quem tem um grande acordo para avalizar suas ações e políticas ); comprometimento em atender os interesses de investidores internacionais e instituições financeiras; entrega das riquezas naturais às empresas ( água, petróleo, madeira e minerais ); política econômica desconectada com os interesses da população.