Feridas que não cicatrizam merecem atenção

Elas aparecem de repente, principalmente nas pernas, pés ou nos braços e, em muitos casos, provocam dor, sangramento, impedindo a movimentação natural, ocasionando mau cheio e, em casos extremos, levando à amputação do membro e até mesmo à uma infecção grave, que pode ocasionar a morte. Apesar de ignorada por muitos, as feridas merecem atenção especial, pois podem ser um alerta indicativo de doenças sérias, como a hipertensão arterial e o diabetes.


Muito comum entre os idosos, devido à maior incidência de algumas doenças que agravam a lesão, a ferida que não recebe tratamento adequado serve de porta de entrada para micro-organismos e pode provocar infecções locais ou generalizadas. Segundo a médica especializada em medicina hiperbárica Daniela Flores, uma ferida aberta, e não tratada é uma constante agressão ao organismo e pode dificultar o controle de algumas doenças, como o diabetes. De acordo com a médica, as insuficiências arterial e venosa crônicas, hipertensão arterial e o diabetes podem provocar ou agravar as lesões. “Estas doenças são muito comuns na terceira idade e aumentam a incidência de feridas nos idosos”, explica Daniela.


Pessoas na terceira idade, devido à saúde fragilizada, podem sofrer com doenças que impedem a locomoção. Nestes casos, os familiares e cuidadores devem redobrar a atenção, pois, segundo aponta a especialista, permanecer por muito tempo acamado pode provocar feridas nas regiões do corpo que ficam constantemente pressionadas, como no dorso, glúteos e cóccix.

“Os pacientes que se encontram nesta situação devem ser movimentados a cada duas horas, deitando-os de um lado, depois de barriga para cima, em seguida, para o outro lado e, assim, por diante”, esclarece a médica.
Ao perceber a presença de uma ferida, deve-se higienizar o local, com água e sabão, e observar se a lesão apresenta alguma melhora no prazo de três dias. Caso isto não ocorra, o paciente deve procurar um médico.


Apesar da administração de medicamentos, algumas feridas possuem um processo de cicatrização mais complexo e lento e, para potencializar o tratamento, muitos especialistas indicam a oxigenoterapia hiperbárica. O tratamento consiste na respiração de oxigênio puro (100%), dentro de uma câmara especial e pressurizada. A especialista explica que, na atmosfera, o ser humano respira oxigênio a uma proporção cinco vezes menor, ou seja, a 21% e o aumento significativo deste percentual e da pressão fazem com que seja ativada a circulação sanguínea na área e, consequentemente, potencializado o processo de cicatrização. “Dessa forma, a ferida que sofre de déficit de vascularização é cicatrizada”, explica a médica.


A oxigenoterapia hiperbárica atua no controle das infecções, auxiliando as células de defesa no combate às bactérias (em conjunto com antibióticos). Nos casos em que a doença causadora da ferida provoca prejuízo na circulação sanguínea, compensa, também, a falta de oxigênio, permitindo que as células consigam se reproduzir e cicatrizar a ferida. “A oxigenoterapia hiperbárica é um tratamento complementar, de baixo risco e tem ótimo resultado quando combinada com terapias habituais, aliada ao controle da doença causadora da ferida”, finaliza Daniela.